A blá-blá-blá dos sete talentos:
«Era uma vez, à bué e bué da séculos, um senhor proprietário de muitos terrenos e detentor de uma fabulosa fortuna. Um dia teve a necessidade de se preparar para uma looonga viagem de negócios. Tinha três empregados a quem chamou e confiou uma soma de dinheiro dizendo-lhes o seguinte:
- Vou ausentar-me por tempo indeterminado. Peço-vos que sejais os meus fiéis depositários. Guardai pois, cada um, sete talentos de ouro.
Assim o disse e assim o fez. E depois foi-se.
O primeiro dos empregados viu-se com a guita na mão e assustou-se com a responsabilidade. Pensou, pensou e disse: Bom! então, até já... e pirou-se para um sítio que só ele conhecia, olhou em redor, viu que num estava a ser observado, abriu uma buraco e escondeu, muito bem escondidinho, o dinheiro todo. Mais tranquilo e sossegado voltou a sua vidinha.
O segundo olhou para a fortuna que tinha em mãos e pondo-se a pensar chegou à seguinte conclusão: «Mén! que sorte... bem... vou apostar uma béquinha nas corridas de camelos.» E, assim, no sábhat seguinte dirigiu-se ao camelódromo e, judiciosamente, fez os seus cálculos e apostou forte e feio. Não meteu tudo no mesmo "cesto", foi esperto. Fez um cálculo de probabilidades e esperou pacientemente... Perdeu tudo, bem... recuperou meio talento. Mas, desesperado para recuperar os outros, pois, também esse perdeu.
O terceiro... [vou ali atender umas crianças]
Bom, o terceiro sentou-se. E ficou a olhar para a responsabilidade que lhe tinha sido conferida: «Mas o que é que eu faço agora?» E, enquanto pensava, reparou que não tinha recebi instruções nenhumas. Que o patrão nem lhe tida dito para fazer "isto" nem para num fazer"aquilo", uma total falta de indicações é por si só uma grande indicação. «Éh! Carta branca para gerir o dinheiro que o senhor me deu.» Concluiu, e, então, pegou numa das moedas de ouro e no dia da feira foi lá ver se se podia arriscar nalgum negócio. Viu, viu, pensou, pensou, e, após profunda análise arriscou investir nuns ovos. Comprou uma data deles, pagou com o talento e recebeu dois terços de troco. Voltou para a "sua" terra onde os tentou revender. Bem..., vendeu tudo. Repôs o talento que faltava e, com o lucro (um terço de talento) voltou à feira e tornou a comprar ovos. à terceira, já mais confiante com o mercado de oferta e procura tornou a ir ao fundo de maneio do senhor e com um talento comprou um galo e duas galinhas poedeiras. Nunca mais comprou ovos, agora era produtor.
Entretanto o senhor demorou, demorou, mas quando voltou pediu contas.
Lança-se o segundo logo a seus pés, chorando copiosamente e batendo com a testa no chão: «Ai! Ai! Ai!»
- Mas o que é que se passa? - pergunta o senhor.
- Ai!... Senhor... Assim que partiu caiu-me a responsabilidade dos talentos que me tinha confiado, fiquei desejoso de lhe retribuir a honra com que me agraciou. Então arrisquei... mas perdi tudo. Buáááá-ááá Ááááá, (snif-snif)!
- Mas como perdeste tudo, era uma fortuna.
- Apostei! Buáááá-ááá
- Certo... certo... - (enchotando-o com o pé) e virando-se para o primeiro, interroga-o com o olhar.
- Também eu senti, Senhor, o tremendo peso da responsabilidade que por sobre mim recaiu, e, então, guardei-o muito bem guardado num sítio que só eu cá sei, e nunca mais lhe mexi. - terminou sorrindo.
O senhor, de cara velada, retroquiu-lhe - Certo, vai lá buscá-los! - É que nem precisou de terminar a frase e já estava o fulano de abalada.
Foi num pé e veio noutro, ofegante. Aproximando-se repeitosamente, de imediato largou os talentos nas mãos do senhor, como se estes o'stivessem a queimar. E, entre vénias, acrescentou - Aqui estão, todinhos, num falta nenhum. - Com um aceno o senhor dispensou-o, e, virando-se para o terceiro perguntou-lhe:
- E tu, desgraçado, o que é que fizeste?
O terceiro de imediato abre uma bolsa que trazia à cintura - Aqui estão senhor, os talentos que me confiou: Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. - Uma a uma, as moedas passaram de mão. - Mas tenho mais para sí, Senhor! - continuou - Aqui estão mais nove talentos que lhe pertencem, pois realizei-os com o capital que me disponibilizou. Para além disso, passámos a ter uma nova capoeira que nos fornece, todos os dias, cerca de uns trinta ovos. Estou agora a investir no comércio de lãs, pois comprei também umas cabras, por mor do leite, mas agora são tantas que já as tosquiei e recebi mais algum rendimento. Tudo isto obviamente que lhe pertence.
A cara do senhor iluminou-se num sorriso. Vejam lá que até chegou a dar-lhe um abraço de contentamento.
- Pois fica com o dinheiro do lucro que conseguiste. Muito mérito tiveste. - virando-se para o primeiro, acrescentou - Já que gostas tanto de escavar buraquinhos vais trabalhar para as valas. Nas minhas viagens tomei conhecimento de um novo conceito muito interessante e obrigo-te a pô-lo em práctica. -
Virando-se para o segundo, disse - Tu! considera-te desde já ao serviço de um novo senhor. - virando-se para o terceiro, perguntou-lhe:
- Não se importa, pois não? Imagino que, com tanto trabalho, lhe faça falta um escravo. Entretanto quero fazer-lhe um "briefing" para o informar sobre uns assuntos... Pois gostaria que ficasse responsável pela implementação de uma rede de "saneamento básico" aqui nas minhas propriedades.
- Áh! mas, e as galinhas e as cabras...
- Óh! homem, compre mais um escravo, é para isso que o dinheiro serve... (fazendo um gesto expressivo) Para nos facilitar a vida. - E tornando aos outros:
- Estão dispensados da nossa companhia. Retirai-vos! - E os dois lá foram, infelizes, enquanto o senhor e o seu predilecto, pois, casaram-se, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre.»
Bom! A estória num é bem assim. No original há bué de «ranger de dentes» e essas coisas. E, muito importante, o senhor não atribuiu a mesma quantia de talentos a todos, um ficou com pouco, outro assim-assim e ainda outro com mais. Mas para o que é que serve esta estória.
Se é verdade que não nascemos todos com os mesmos talentos, também é verdade que há, no entanto, a responsabilidade de os desenvolver, cultivar e investir de modo sagaz.
- Mas o que é que a Teresa tem a haver com isto? - perguntas-te tu.
- Teresa, qual Teresa? - Perguntas-te tu mesmo à séria.
- A Teresa que andava sempre a fazer seguros de vida...
- àh, essa, sim! o que é que tem a haver?
- Sempre me impressionou o que ela conseguiu desenvolver com os parcos talentos com que veio ao mundo. Sei lá... Nasceu em Figueiró-dos-Vinhos, os pais num sabiam ler nem escrever, a irmã vende malaguetas exóticas na feira da Malveira (também não está mal!) e, a última vez que vi Teresinha, não dava vazão aos pretendentes... Suponho que tenha casado novamente e sido feliz para sempre.
Enfim, toda a sua história de vida que não consigo contar aqui.
Em comparação com ela sempre me senti um desgraçado. Um indigente, um cábula, um preguiçoso, e sabe deus a conta em que me tinham. Pois a ela todo o mérito, e a mim, que na altura tinha aí de uns dezasseis aos vinte e muito poucos, «um eterno ranger de dentes». Por acaso passou-me, mas duvido que algum dia lhe chegue aos calcanhares. Tal como via a coisa, ela até pode ter nascido com um terço de talento, mas aplicou-o como deve ser e fez uma pequena fortuna, enquanto eu esbanjava-o, a torto e a direito: acho que era capaz de o apostar. E de o ir perdendo. Mas diverti-me que me fartei. É isso: fartei-me.
- Vou ausentar-me por tempo indeterminado. Peço-vos que sejais os meus fiéis depositários. Guardai pois, cada um, sete talentos de ouro.
Assim o disse e assim o fez. E depois foi-se.
O primeiro dos empregados viu-se com a guita na mão e assustou-se com a responsabilidade. Pensou, pensou e disse: Bom! então, até já... e pirou-se para um sítio que só ele conhecia, olhou em redor, viu que num estava a ser observado, abriu uma buraco e escondeu, muito bem escondidinho, o dinheiro todo. Mais tranquilo e sossegado voltou a sua vidinha.
O segundo olhou para a fortuna que tinha em mãos e pondo-se a pensar chegou à seguinte conclusão: «Mén! que sorte... bem... vou apostar uma béquinha nas corridas de camelos.» E, assim, no sábhat seguinte dirigiu-se ao camelódromo e, judiciosamente, fez os seus cálculos e apostou forte e feio. Não meteu tudo no mesmo "cesto", foi esperto. Fez um cálculo de probabilidades e esperou pacientemente... Perdeu tudo, bem... recuperou meio talento. Mas, desesperado para recuperar os outros, pois, também esse perdeu.
O terceiro... [vou ali atender umas crianças]
Bom, o terceiro sentou-se. E ficou a olhar para a responsabilidade que lhe tinha sido conferida: «Mas o que é que eu faço agora?» E, enquanto pensava, reparou que não tinha recebi instruções nenhumas. Que o patrão nem lhe tida dito para fazer "isto" nem para num fazer"aquilo", uma total falta de indicações é por si só uma grande indicação. «Éh! Carta branca para gerir o dinheiro que o senhor me deu.» Concluiu, e, então, pegou numa das moedas de ouro e no dia da feira foi lá ver se se podia arriscar nalgum negócio. Viu, viu, pensou, pensou, e, após profunda análise arriscou investir nuns ovos. Comprou uma data deles, pagou com o talento e recebeu dois terços de troco. Voltou para a "sua" terra onde os tentou revender. Bem..., vendeu tudo. Repôs o talento que faltava e, com o lucro (um terço de talento) voltou à feira e tornou a comprar ovos. à terceira, já mais confiante com o mercado de oferta e procura tornou a ir ao fundo de maneio do senhor e com um talento comprou um galo e duas galinhas poedeiras. Nunca mais comprou ovos, agora era produtor.
Entretanto o senhor demorou, demorou, mas quando voltou pediu contas.
Lança-se o segundo logo a seus pés, chorando copiosamente e batendo com a testa no chão: «Ai! Ai! Ai!»
- Mas o que é que se passa? - pergunta o senhor.
- Ai!... Senhor... Assim que partiu caiu-me a responsabilidade dos talentos que me tinha confiado, fiquei desejoso de lhe retribuir a honra com que me agraciou. Então arrisquei... mas perdi tudo. Buáááá-ááá Ááááá, (snif-snif)!
- Mas como perdeste tudo, era uma fortuna.
- Apostei! Buáááá-ááá
- Certo... certo... - (enchotando-o com o pé) e virando-se para o primeiro, interroga-o com o olhar.
- Também eu senti, Senhor, o tremendo peso da responsabilidade que por sobre mim recaiu, e, então, guardei-o muito bem guardado num sítio que só eu cá sei, e nunca mais lhe mexi. - terminou sorrindo.
O senhor, de cara velada, retroquiu-lhe - Certo, vai lá buscá-los! - É que nem precisou de terminar a frase e já estava o fulano de abalada.
Foi num pé e veio noutro, ofegante. Aproximando-se repeitosamente, de imediato largou os talentos nas mãos do senhor, como se estes o'stivessem a queimar. E, entre vénias, acrescentou - Aqui estão, todinhos, num falta nenhum. - Com um aceno o senhor dispensou-o, e, virando-se para o terceiro perguntou-lhe:
- E tu, desgraçado, o que é que fizeste?
O terceiro de imediato abre uma bolsa que trazia à cintura - Aqui estão senhor, os talentos que me confiou: Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. - Uma a uma, as moedas passaram de mão. - Mas tenho mais para sí, Senhor! - continuou - Aqui estão mais nove talentos que lhe pertencem, pois realizei-os com o capital que me disponibilizou. Para além disso, passámos a ter uma nova capoeira que nos fornece, todos os dias, cerca de uns trinta ovos. Estou agora a investir no comércio de lãs, pois comprei também umas cabras, por mor do leite, mas agora são tantas que já as tosquiei e recebi mais algum rendimento. Tudo isto obviamente que lhe pertence.
A cara do senhor iluminou-se num sorriso. Vejam lá que até chegou a dar-lhe um abraço de contentamento.
- Pois fica com o dinheiro do lucro que conseguiste. Muito mérito tiveste. - virando-se para o primeiro, acrescentou - Já que gostas tanto de escavar buraquinhos vais trabalhar para as valas. Nas minhas viagens tomei conhecimento de um novo conceito muito interessante e obrigo-te a pô-lo em práctica. -
Virando-se para o segundo, disse - Tu! considera-te desde já ao serviço de um novo senhor. - virando-se para o terceiro, perguntou-lhe:
- Não se importa, pois não? Imagino que, com tanto trabalho, lhe faça falta um escravo. Entretanto quero fazer-lhe um "briefing" para o informar sobre uns assuntos... Pois gostaria que ficasse responsável pela implementação de uma rede de "saneamento básico" aqui nas minhas propriedades.
- Áh! mas, e as galinhas e as cabras...
- Óh! homem, compre mais um escravo, é para isso que o dinheiro serve... (fazendo um gesto expressivo) Para nos facilitar a vida. - E tornando aos outros:
- Estão dispensados da nossa companhia. Retirai-vos! - E os dois lá foram, infelizes, enquanto o senhor e o seu predilecto, pois, casaram-se, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre.»
Bom! A estória num é bem assim. No original há bué de «ranger de dentes» e essas coisas. E, muito importante, o senhor não atribuiu a mesma quantia de talentos a todos, um ficou com pouco, outro assim-assim e ainda outro com mais. Mas para o que é que serve esta estória.
Se é verdade que não nascemos todos com os mesmos talentos, também é verdade que há, no entanto, a responsabilidade de os desenvolver, cultivar e investir de modo sagaz.
- Mas o que é que a Teresa tem a haver com isto? - perguntas-te tu.
- Teresa, qual Teresa? - Perguntas-te tu mesmo à séria.
- A Teresa que andava sempre a fazer seguros de vida...
- àh, essa, sim! o que é que tem a haver?
- Sempre me impressionou o que ela conseguiu desenvolver com os parcos talentos com que veio ao mundo. Sei lá... Nasceu em Figueiró-dos-Vinhos, os pais num sabiam ler nem escrever, a irmã vende malaguetas exóticas na feira da Malveira (também não está mal!) e, a última vez que vi Teresinha, não dava vazão aos pretendentes... Suponho que tenha casado novamente e sido feliz para sempre.
Enfim, toda a sua história de vida que não consigo contar aqui.
Em comparação com ela sempre me senti um desgraçado. Um indigente, um cábula, um preguiçoso, e sabe deus a conta em que me tinham. Pois a ela todo o mérito, e a mim, que na altura tinha aí de uns dezasseis aos vinte e muito poucos, «um eterno ranger de dentes». Por acaso passou-me, mas duvido que algum dia lhe chegue aos calcanhares. Tal como via a coisa, ela até pode ter nascido com um terço de talento, mas aplicou-o como deve ser e fez uma pequena fortuna, enquanto eu esbanjava-o, a torto e a direito: acho que era capaz de o apostar. E de o ir perdendo. Mas diverti-me que me fartei. É isso: fartei-me.
5 Bombadas:
marta g.
onde estas estorias já íam...foi mt giro, revivi imensas memorias...
é serio? estás farto? e ainda tens talentos para investir? ;~)
André G.
[olha a estúpida, olha a parva! ...ainda assim...] seja muitíssimo "bien-venida" e aparecida, querida Marta G. (pois, de goiaoia, o que havia de ser)... ái!, espera, tenho de ir: deixei um commante pá Sô Dona-num-tarda nada-doutora a meio.
p.s.: adorei o teu telefonema.
Ena, ena! A Martatita ensinou-me como é que se faz um nariz...
Maninho,
Grande lençol. Até acordei mais bem disposta, cheia de vontade de ir aplicar os meus talentos numa folha de jornal
olha que nem me tenho palavras. adiante! que é agora que pega fogo.
(ficou um sorriso)
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