quinta-feira, junho 22, 2006

O prólogo

[As minhas mais sinceras desculpas... Mas, cá está, aproximando-se:
Maizum poste de palmo e meio com "ganso". (quem é que aqui jogou ao guélas?)]

(...) Nisso e em diversas "coisas": a vida num é só cinema ou gelados. Há milhentos de outros aspectos. Mas este é fulcral, e, quanto mais penso nele, quanto mais desfio o novelo, toda uma porrada de assuntos se embrulham. E daí fiquei a ruminar, a ruminar...

Tivemos uma (bem, várias. Mas esta é e foi especial) empregada, uma mulher a dias que, entre outras coisas cozinhava que era um espanto. Existia nesta nossa ligação (a empregada que trabalha para uma família de seis pessoas) uma série de idiossincracias ou aspectos curiosos: A mulher sozinha tinha mais dinheiro que todos nós juntos, proprietária de imóveis e com uma gestão contabilistica do arco-da-velha que lhe permitia ter num sei quantas dezenas de seguros de vida. Ora estes seguros de vida eram uma espécie de conta corrente de poupança!?! Andava sempre a pagar mensalidades dos seguros, só que, como já fazia "isto" à anos e anos (contem para mais de vinte) também estava sempre a receber prémios (Por acaso já num me lembro se as mensalidades são os prémios se são os quê. Num faço seguros.) Mas aquilo era uma abono: fiqua sabendo que esses seguros não são vitalícios, têm um prazo. E findo o prazo devolvem-te o dinheirinho que andaste a depositar durante vinte anos. A senhora já na altura tinha para cima de 60 anos. Mas continuava, furiosamente, a fazer seguros. Também tinha um carro, um Mini Morris original, que fez com que aos trinta anos se tenha decidido a ir para a escola para se poder habilitar a uma carta de condução. Fez o exame da quarta classe e meteu-se nas aulas de condução. Tão nervosa, tão nervosa com a ansiedade que só passou à terceira. Sugeriram-lhe um truque: «antes do exame bebe um cálice de vinho do porto», e ela assim fez e ficou tão alegre, tão pateta, tão descontraída que passou logo.
Nunca bateu, nunca pagou uma multa: bem, uma vez multaram-na por estacionamento indevido. Só que a Teresa (teresinha para os amigos) ficou tão chocada, tão chocada, que foi fazer uma exposição lá para os lados de Santa Marta. Conseguiu arrastar um polícia até ao local do "crime" e o senhor bófia foi obrigado a constactar que o sinal regulador de trânsito estava tapado por um arvoredo. Deram-lhe razão e retiram-lhe a multa. Acredita, trata-se de uma mulher de armas. Tinha vários sonhos, concretizou-os todos! E deu-me várias lições de vida. Entre as quais, com os seus exemplos, explicar-me por Á mais Bê a parábola dos sete talentos (quer dizer, num me contou a história, mas ajudou-me a percebê-la muito melhor) [reparem que me dei ao trabalho de "o" partir meio]: