sexta-feira, junho 30, 2006

[Tenho de postar este cómante]

[ora aqui vai um linque: Chamem-vos a atenção os dois postes de quinta feira, dia 29 de Junho, subordinados ao tema " A favor da despenalização. A favor do voto." & "ainda o aborto...". Pois, precisamente nesse último está lá escondido este poste. Aqui será mais confortável lê-lo.]

[e agora, ora aqui vai um aviso: O teor deste comment é uma agonia. Tanto ou mais do que discutir televisão ou o liberalismo democrático.]


Cara Madalena e cara Daniela,
Antes de mais, tenho para mim que "antes um bom muçulmano do que um mau católico". Mil vezes. Paz na Terra aos hoMens de boa-vontade!
E isto apesar de considerar que foi Cristo o homem que nos trouxe a mensagem. E a mensagem é Amor. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” Amor desinteressado, amor por ti próprio, amor ao próximo. Amor 'tão forte, 'tão forte que numa lei erradicou todas as outras. Um só mandamento substituiu todos os outros dez que proclamavam que não isto e não aquilo mais aquel'outro; e tudo o resto era proibido. O Novo Testamento surgiu para que se mandasse o antigo fora (Descartem-se dele e das lógicas de Tabelião.).
Agora reparem no seguinte: Vocês não seguem Cristo, vocês seguem são Paulo, vocês seguem são Pedro e todos os que edificaram um edifício em torno de Cristo, na crença de que a verdade que defendiam detinha valor universal. Católico significa Universal, como decerto saberão.
E há aqui uma presunção muito perigosa. Muito perigosa, inclusive, para os valores de liberdade, fraternidade e igualdade que possibilitaram o desenvolvimento do livre arbítrio (O livre arbítrio é o que nos vale, é o que faz de nós homens com M grande.). Reparem bem. Há uma cisão no mundo cristão, porque o Vaticano se recusa a reconhecer legitimidade aos Patriarcas das outras seitas cristas. Crê o Papa ser o único que pode falar por Deus Filho na terra. O único intermediário no universo, o único representante legal. Acham razoável? Acham que os cristãos Coptas e os Ortodoxos estão muito enganados? Que são muito folclóricos? E os protestantes? Acham que são uns parvos, que não percebem nada disto, que têm má vontade? Pouco importa. Vocês não seguem a Cristo, seguem o indivíduo que diz que o segue. Confuso não é? Também acho.

Ama o seu vizinho? Ama os que lhe são estranhos? Olhe que são seus irmãos. Eram irmãos de Cristo, deveriam ser seus. Pensa que, se Cristo voltasse hoje, seria um homem diferente, que iria tomar mais cuidado com as companhias, sei lá, evitar os sidosos, os que têm hepatite e que arrumam carros quando num pedem trocos. Era capaz de ser irmã deles? Madalena, Daniela? Se não são irmãs porque é que querem ser mães dos outros, paternalistas, porque é que julgam que sabem melhor do que cada um sobre a sua vida. Porque é que se arrogam à pretensão de julgar saber o que é melhor para cada um que não sois vós? Porquê? Acreditam que se salvam ou que salvam os “outros”. E quem são os outros, já agora? Onde moram, em que condições, quantos filhos têm, em que escolas é que andam. Vão juntos à missa? Levam os vossos filhos às manifestações e fazem-nos empunhar uns cartazes com uns fetos esfrangalhados com um sinal de proibido em cima e dizeres “sim à vida”? E, já agora, certificam-se que estão bem penteados e melhor aprumados? E chegam e saem de carro? Essa coisas…
A arrogância, a Arrogância… minha Deusa!



Nossa Senhora Desatadora dos Nós


Alguma vez meditaram neste poema?:

«Salve, Maria cheia de Graça
Bem dita sois vós entre as mulheres
e Bendito é o fruto do V. ventre, Jesus.
Santa Maria Mãe de Deus,
Rogai por nós pecadores,
Agora e na hora da nossa morte.»
Assim seja!

Vêem-se como pecadoras? Pecam? E é em consciência que Lhe rogam que interceda por vós? Agora(!) e na hora da vossa morte (muito importante, para lá da hora da vossa morte, até ao dia do Juízo Final, acreditam nisso não acreditam? Porque é a única coisa que se aproveita no catolicismo. O Juízo Final, aquilo que vos põem cabresto, vos refreia. O temor de um Deus da Fúria. O Deus Irae, aos pecadores espera-os um eterno ranger de dentes, cuidado com a punição divina.) É? Olhem que há muitos pecados. Um deles é o da ingerência na vida alheia. Nas vidas que vos escapam, ou das quais vocês nem sequer querem saber. Ou querem-me convencer que compraram um telemóvel vermelho para acabar com a pobreza em África? O que sabem vocês de África? Da história das mentalidades africanas (vá lá, nem vou muito longe) do século vinte? É que vos posso contar qual é a Vantagem útil, prática e directa (em suma, pragmática) em “não” permitir o aborto na religião católica. Trata-se de uma guerra demográfica. Esperem aí, em Caps Lock: DEMOGRÁFICA, num fossem vocês fazerem confusão. A situação alterou-se um pouco no último decénio mas, em África grassa a pobreza e a corrupção. Os líderes são católicos, e entre as franjas mais pobres progride o Islão. O Islão avança ao kilometro por dia. Mas antes de isso acontecia que na Europa já se borrifou praticamente tudo para o Vaticano. Sobra-lhes muito pouco (bem, enfim… esta geração de fins de 80, 90 é um pouco maluca.) Resta-lhes a América Central e a do Sul, África e as Filipinas, coitadinhas. Num podem, nem devem perder território nem influência nessas bandas. Crescei, pois, e multiplicai-vos. Façam de nós muitos, façam de nós mais qu’ós outros, mais do que às mães.
Nas Américas há a competição ferocíssima dos Tele-Envangelistas de proveniência Anglicana, protestantes que num passam cavaco ao Papa. A ver se a Igreja Universal (tão a ver??, Universal! É fácil, num é?) do Reino de Deus paga dizimo ao Papa, é o pagas! E vão lá vão, já viram a fortuna que fizeram em tão pouco tempo? Imaginem os católicos, porque é que será que recorrem a todos os truques e artimanhas possíveis para não perder influência, poder? Porquê? Por amor a mim? A si? Ao próximo? Desinteressado? A sério?
E agora, vamos lá ver… a batalha está a ser perdida. E nem é culpa dos católicos praticantes, coitadinhos, os outros é que são mais e maus, ou mais maus. Ou bons. Em África desertam que se fartam e nas Américas igual. Por isso é que se fala de um Papa Latino ou Sul Americano. Num é porque somos bonzinhos e agora é a vez deles, isto num é as Nações Unidas. É só para recuperar élan. Força! Prestigio, ascendente.
É óbvio que num se podem desmobilizar as “forças” aqui na Europa. Uma religião dois sistemas só na China e eles dispensam. E então mobiliza-se a comunidade católica (alguma de vocês percebe peva de sociologia?) e formata-se-lhes o cérebro (alguma de vocês percebe de direito? E retórica?). Só isso explica os vossos dementes discursos.

Na china teve de se implementar a política de um casal um filho. Foi uma profunda alteração nos costumes, com consequências dramáticas mas resultados que saltam à vista. Estima-se que em menos de vinte anos a Índia vai ultrapassá-los em número de habitantes. Na Europa num foi necessário instituir politica nenhuma, facultou-se a tecnologia e foi um ver se te avias. Neste momento temos 0.75 filhos por casal. Num é um estrondo? E sabem que mais? Os emigrantes ajudam e de que maneira a inflacionar as estatísticas (Isto, a mim, só me dá vontade de rir, palavra de honra. É que é muitíssimo bem feita!).

Mas agora estou mesmo a ver, no dia do referendo hão-de sair dos lares e de suas casas todos os velhinhos que já nem quécam nem querem que se queque, mais ós católicos apostólhicos e os romanos todos juntos a não permitir que os “hippies” que vão para a praia num dia desses façam o que muito bem entenderem. Num senhor. “Estamos cá nós que não deixamos”. E depois, suas cabras, a chamarem de criminosa e sem vergonha à Carrie… Olha que francamente. Ao fundamentalismo que vocês chegaram. Gente adulta e informada, a fazer chantagem emocional. Que vergonha!


p.s. Num é a FAVOR do aborto, suas avantesmas, é a favor da sua despenalização. É a favor da opção por um mínimo de condições dignas de nascimento e formação. “Aquilo” que tenho certeza que vocês julgam poder ou vir a poder facultar aos vossos filhotes (e já agora que sejam muitos, gordinhos e felizes. E que os façam por onde vos der mais gosto!) Quiseram e querem fazer os vossos filhos por e no meio de amor, num foi. E agora imaginem… Uma outra vida. Sem horizontes, sem amor, sem confiança, ao abandono, de si, dos estudos, da rua, a machadada na adolescência, ou mesmo na infância. Uma rapariga de 15, 14 anos ainda é uma criança, desculpem-me mas é! E há tantas. Eu trabalho com escolas. Sei que há meninas a engravidar aos doze. O que é que vos parece? O que é que falhou? Foram as pecadoras de doze anos, foram os pais (ahahahah! Se fosse tão simples.) foi o sistema?, qual sistema? O vosso, o nosso ou o “deles”, o dos “outros”? que não sabem… coitadinhos! E se for uma mulher adulta funcional e integrada. O que é que tu sabes? O que é que eu sei? Quem sou eu para poder reduzir o âmbito de possibilidades que se colocam ao seu dispor. QUEM SOU EU? Para determinar e condicionar a vontade dos outros
p.s.s. Certo! As vossas primas não abortam, desmancham. Tipo, vão ali fazer um desmanche. Sei lá, a Londres ou a uma clínica espanhola. E, com um bocado de sorte ainda aproveitam as “rebajas”, que é para curar a neura. E bem precisam. Coitadinhas. Mas a não despenalização do aborto (em e numa porrada de circunstâncias condicionantes, num sei se leram sequer o diploma. Eu não, mas imagino.) vai compactuar com a indignidade e precariedade dos seres humanos que necessitem de recorrer a serviços ilegais. Num vos choca, irmãzinhas? A mim choca. Coitadinhas das meninas que vão parar a “clínicas” de vão de escada. Coitadinhas…
p.s.s. Agora e sempre me fez impressão a condição de beato. O que crê porque crê. A Fé é um acto voluntário de crença em algo que é improvável (perdão) que num é provável. Eu faço fé que dista daqui ao Porto 300 km, li algures, e acredito. Deus me livre de ir medir a distância para confirmar que se trata de um facto. Acredito porque sim, porque me facilita a vida, assim como aceitar que a China existe. Mas os beatos, dizia eu, sempre me fizeram muita impressão. Para começar, porque, apesar de ter assistido a algumas missas nunca mas nunca aprendi ou dominei aqueles códigos todos mais às ladainhas e as genuflexões. As ladainhas, então, eram do pior: metralhavam-nas! Cuspiam-nas (desculpem a imagem) cá para fora a uma velocidade impossível de acompanhar, quanto mais o que diziam. Sempre me interroguei, será que sabem o que dizem, será que entendem o que falam.

15 Bombadas­:

Blogger Goiaoia acrescenta que...

Descoberto no Blog do senhor Ego:
«A aparelhagem sonora omnipotente pelas ruas de Amarante:

"O Espírito Santo
com a sua palavra silenciosa
mas forte e imperadora".

Ponho me a pensar no significado daquelas palavras
Por pouko tempo.
U ke chama atenção neste discurso é o vocubulário utilizado.

Imperadora...

Oiço na esplanada ao lado
que os franceses preparam-se para aprovar lei
(ou será que a já aprovaram?)
em que se procederá à detecção de comportamentos transgressivos
a partir dos três anos de idade e subsquente tratamento.

Admirável Mundo Novo bate Big Brother.
Psykoterapia garantida para quem nao comer a sopa.

"Espírito Santo dá-nos um coração grande"
Será que alguém está a prestar verdadeira atenção
ao que ele está a dizer?
Eu estou. Mas por pouko tempo.
Sou muito distraído»

1:55 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

Tens razão, estás coberta de razão.
No entanto, "isto" num se trata de pedagogia de pacotilha ou de a "minha razão é mais válida do que a tua". Estou-me a cacar se os meus argumentos convençem quem quer que seja. Foi uma resposta, um ataque de retaliação, um desabafo!
Se seria melhor? Eu gostaria é de que fosse menos mau. Incomoda-te a infelicidade dos outros? Eras capaz de a trocar pela tua paz de espírito? A serenidade por vezes tem preço de sangue.

2:11 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

óh, querida, e se fosse um ataque? Daí num viria mal nenhum ao mundo e num me faria mudar uma vírgula no modo com te vejo (vá lá), com te encaro. Tens a minha simpatia.
(E depois és rápida... deves ser das poucas pessoas que já se dispôs a "morder" este poste.)

2:32 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger [ t ] acrescenta que...

Vamos lá. Um sistema, descrito como religião. Apresento-me. Católica, baptizada e crismada, catequista em banho maria. Pergunta que se impõe? E fala-se do sistema em si e não de individualidades, a Fé é vivida por cada um em comunidade sobre leis discutíveis e credíveis. Concordo quando escreves (e espera lá que tenho aqui um comercial para atender) que os católicos, e repara que escrevo os católicos e não nós os católicos, não seguem Cristo mas sim um Chefe eleito. Mas nunca poderei colocar as crenças nem os donos das crenças todos no mesmo saco hermético. Ah! pois, queria falar de mim, de como vejo este teu texto. A minha forma de viver uma religião em que fui educada (e dá um desgosto daqueles muito maus à minha mãe, se ela vier aqui ler isto e se souber que suporto uma hora - às vezes - por semana a missa) sempre foi controversa, pois sempre me custou 'ensinar' ou encurralar crianças e pré-adolescentes num beco sem saída, ó acreditas no sr bonzinho das barbas que multiplica peixes ou és uma pessoa má. mas existem muitas outras coisas interessantes que podemos mostrar. no fundo é o surrurar de uma história, que se pode transformar quase em conto de fadas (com milagres e assassínos). com tudo o que eles mais tarde vão ver ou viver, ou talvez não. (está complicado, já volto quando me deixarem em paz) xiça

3:38 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Lyra acrescenta que...

Uma vez lá na barca, por altura do primeiro referendo, fiz questão de mencionar que era a favor da despenalização. Foi até hoje o post onde tive mais comentários. E contra comentários. E contra-contra comentários. Fartei-me daquilo e fiz um post (irritado) em que explicava os motivos por que era a favor. Não permiti comentários a esse post. Não queria mais ler aquilo que os outros lá escreviam. O blog era meu. Parecia que se estavam completamente nas tintas para uma série de coisas e factores e só viam em frente. Como os burros. depois durante uns tempos, sempre que via em qualquer blog opiniões como as dessas duas senhoras, subia-me a mostarda ao nariz e lá escrevia eu com toda a arrelia que tinha por haver pessoas tão hipócritas (e atenção, refiro-me a pessoas como essas senhoras e não a todos os que são contra a lei. Posso não concordar mas entendo certos pontos de vista). Cheguei a ter com uma amiga, defensora do não, longas conversas em que nenhuma de nós cedia nem um milimetro nas suas convicções. Tambem não era para ceder. Era para tentar entender um e outro lado.
No dia do referendo, lembro-me do dia de sol e de praia que esteve, fui votar e votei a favor da despenalização. Continuarei a votar todas as vezes necessárias.
lembro-me de uma vez um defensor do não (num blog que por acaso ate me lembro do nome mas nem vale a pena mencionar visto que é alguem que se acha dono da razão e ser completamente hipócrita e irrealista não só nesta questão), me ter dito após uma longa discussão que onde se criavam dois criavam-se três e foi ai talvez que percebi uma coisa. Que eram referencias diferentes, criações diferentes, mundos diferentes o meu e o dele, o meu e o dessas senhoras o meu e o de tanta gente. Respondi-lhe que no pais dele talvez fosse assim, mas aqui no meu, mais valia haver comer para dois do que fome para tres. talvez seja este alentejo todo logo aqui ao lado que me entra na alma e já vi tanta miseria na minha vida.
Há bocado estive aqui e li. Fui ler o link. Ainda nem havia comentarios neste post. Pensei dizer qualquer coisa mas logo de seguida pensei que vai haver infelizmente sempre pessoas que pensam como aquelas duas senhoras.
Ninguem defende o aborto como metodo
contraceptivo, ninguem faz um aborto de animo leve como quem pinta as unhas, ninguem sai de um aborto sem sequelas para a vida inteira, quando não morre neste pais de vão de escada. Nem toda a gente tem dinheiro para umas ferias no estrangeiro onde aparecem depois a dizer que foram la ás compras e depois vão-se enfiar numa igreija qualquer a rezar perdão pelos seus pecados .
Acredito em Deus e nos santos. Se calhar porque foi para eles que me virei quando achei que os da terra me largavam a mão.
Sou completamente a favor da despenalização.
um dia disse a mim própria que não ia comentar mais posts sobre este tema, porque me irritava sobretudo. Hoje quando li , concordei com o teu post mas achei que ia manter-me calada. porem agora q voltei a ler com mais calma, achei que devia dizer isto. apesar do cansaço e do amontoado de palavras, apesar dos erros da falta de maiusculas e de pontuaçao, tudo por causa do cansaço e desta pressa com que as palavras me surgem e que os dedos quase nao acompanham, quero dizer que sou A FAVOR DA DESPENALIZAÇÃO DO ABORTO e que tenho a certeza ABSOLUTA que não sou hipócrita como essas duas senhoras.

6:17 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

Estimada Lyra, (...) e obrigado pelo apoio e esforço (violento) com que te continuas a implicar nas coisas relevantes. Estamos juntos contra a cegueira dos que num querem ver.

6:23 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger [ t ] acrescenta que...

Voltei outra vez. Queria continuar a linha de (não) pensamento, mas entretanto nas horas perdi-me. Eu votei contra a despenalização do aborto. Não sou a favor do aborto, ponto final parágrafo e coiso e tal. E isto é no hoje e não há anos atrás. Referendo venha ele e eu vou votar a favor. Agora outra pergunta (eu estou a analisar-me neste cóment, paciência, se estivéssemos todos numa mesa era mais fácil) como é possível? Contra e agora a favor, o agora deu-se pouco tempo depois do contra. Simplifico, meses depois de ter votado, uma amiga engravidou, e pediu ajuda, companhia, contactos, telefonemas e idas à clínica, tudo menos dinheiro. O discurso foi mais ou menos o seguinte, T eu sei que tu és católica mas aconteceu-me isto (e gosto da merda do aconteceu-me! É realmente a nós que nos acontece, mas a responsabilidade blá blá blá e já sabem a história de cor) e se não quiseres ir comigo à clínica eu compreendo. Eu fui. Foi horrível, não a clínica, mas o sentido ‘daquilo’. Eu vivi bem de perto este primeiro aborto, e lamento discordar quando escrevem que ‘ninguém faz um aborto de ânimo leve’ (desculpa lyra, eu sei que as palavras são tuas – não é um ataque é um desabafo em tom de suspiro), o segundo já não quis estar por perto. Fiquei revoltada, juro que sim. Concordo que temos que ter pelo menos a oportunidade de liberdade de resposta perante a questão complexa que é ter ou não ‘condições’ de criar um filho, e as condições não são apenas monetárias é evidente. Foi o tal senhor Deus que deu liberdade aos homens. Agora encaixo aqui um desejo, dirigido às duas senhoras que comentaram no blog da menina dos olhos bonitos, por favor que a vossa vida vos mostre que é importante questionar, que acima de tudo (por favor comecem por ler a Bíblia) é importante não atacar quando queremos evidenciar a nossa opinião, que a vossa vida vos mostre que alguém ao nosso lado, que é diferente tem tanto para nos mostrar, e porque não nos deixarmos ir respondendo de forma diferente. Leiam mas sonhem. Não decorem palavras. O aborto não é uma guerra religiosa. Agora pego outra vez no Cristianismo, o mais importante que retirei de todos os ensinamentos que tive nesta Fé, não são as leis impostas por um Chefe da Igreja, mas porra, se acreditam fechem os olhos e leiam a vida de Jesus e assim conseguem ler os olhos, façam este exercício diário. Agarrem as palavras transcritas da sua vida e traduzam-nas na vossa. O que os outros fazem não nos diz respeito. Um exemplo, aos amigos aos filhos aos irmãos aos colegas de trabalho, a um perfeito desconhecido, podemos apenas indicar um ou mais caminhos, mas quem o toma é que decide qual o irá receber. Tem essa liberdade de escolha, tal como o vosso Deus (e também um pouco meu, com uma leitura muito especial, sou eu que o leio, não o manel nem a Joaquina). Vou fumar um cigarro que este monólogo esgota-me. Está uma bela trapalheira este, nem me atrevo a chamar a isto texto. Jasus. Ensinem às crianças o que é o amor e não que devem ser contra o aborto apenas porque são cristãos. Ensinem-lhe que devem valorizar a vida mas chegando ao fundo do que é realmente a vida. Ensinem-lhes que a dignidade não passa por ter medo de falhar! Vou-me embora que estou cansada… e ainda tenho que ir dar de comer à Mare e levá-la à rua. esta história absurda, os fundamentalismos fazem-me mal e deixam-me triste.

11:31 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Lcego acrescenta que...

Eu tenho fé!

11:42 da tarde, junho 30, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

[Atenção, muita atenção: a minha resposta deve ser entendida literalmente e à séria, i.é. Num estou a brincar!]
Dulcíssima Senhora,
foi, provavelmente, o melhor cómante com que alguém agraciou o meu blhógue.
Desde já declaro que o comento a quente. E independentemente do sentido de voto manifestado. Demos graças por ela ser livre de escolher e votar em consciência. E que exerça esse dever: Considerar as “coisas” até à hora da “verdade”. Seja ela qual for. Isso é política na verdadeira acepção da Ágora grega.
Vou ter de o reler diversas vezes para o apreciar na sua complexidade. E depois, talvez, expor pontos de vista sobre os diversos aspectos que ou afloras ou levantas. Porque o assunto o merece.
Tu, manifestamente, pensaste. E sem leviandades. Sem «é assim, porque assim e pronto’s». E salta à vista que foi doloroso. Quem conheça o teu blog (gaita! Num sei lincar nos cómantes.) conhece a tua sensibilidade de “carne viva”. Pois este escrito é de ordem (ou grandeza) diferente.

Os meus mais sinceros parabéns! Elevaste o nível da conversa a um patamar que eu já num cria possível. Infelizmente… ficaste estourada mesmo, mesmo, mesmo no momento em que (na realidade) estavas a começar:
«Ensinem às crianças o que é o amor e não que devem ser contra (…) porque são cristãos. Ensinem-lhe que devem valorizar a vida mas chegando ao fundo do que é realmente a vida. Ensinem-lhes que a dignidade não passa por ter medo de falhar!»

Sem responsabilidades. Nunca te hei-de cobrar nada. Mas gostava de ter continuado a ouvir.

3:15 da manhã, julho 01, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

Ora vejam lá para onde é que estes foram:

http://corta-fitas.blogspot.com/2006/06/declarao-ao-pas.html

6:31 da manhã, julho 01, 2006  
Anonymous Anónimo acrescenta que...

em relação ao post que mencionas, nem me dou ao trabalho. A sensação que tenho é que ando a dar murros em lâminas de facas.
Mas enquanto procurava o post (porque não colocaste o link todo. A propósito os links colocam-se aqui tal qual como nos post. O código html é o mesmo)encontrei este post. E deste gostei. Até porque coloquei um aqui há uns...meses (? anos?)lá na barca, igual. Porque gosto muito do poema "se uma gaivota viesse..." e conheço aquela gaivota de algum lado :)

3:09 da tarde, julho 02, 2006  
Blogger Lyra acrescenta que...

correcção: reparo agora que já se consegue ler o link todo. ontem não se conseguia.

3:11 da tarde, julho 02, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

Obrigado Lyra - fogo... fiz um esforço e consegui -.
E tens razão, não valia o trabalho. Mas este aqui sim! De resto, é da pessoa que já me tinha chamado a atenção no tal poste supra citado por mim.)

p.s. Dulcíssima, tenho a certeza que este te interessa.

7:00 da tarde, julho 02, 2006  
Anonymous Anónimo acrescenta que...

Obrigada pelo link e pela citação. até breve.

Beijinho :)

8:54 da tarde, julho 02, 2006  
Blogger Goiaoia acrescenta que...

[tenho de postar este cómante]

Cão com Pulgas disse no seu blog...

Vidas de cão

A Clara ia fazer, dia 8 de Agosto, 25 anos. Alegre, sempre alegre. Terminou o curso e começou a trabalhar. Vivia há seis meses com o namorado e tinha o casamento marcado para Março de 2007.

A Clara ficou grávida há pouco mais de um mês. Ela e o Paulo conversaram sobre o assunto e, nesta fase, ambos a iniciarem as suas vidas profissionais, um bebé "não vinha nada a calhar".

Foram os dois a uma parteira conhecida de uma amiga, para a Clara fazer um aborto.

O funeral da Clara foi há dois dias.

Podia aqui escrever imenso acerca deste assunto. Sinceramente, neste momento não me apetece. Esta notícia chocou-me tanto, mas tanto, que vou aguardar que o nó na garganta me passe e, depois, retomá-lo-ei. Até pela Clara, por todas as Claras que ainda podem morrer neste país de hipocrisias instaladas.

Vergonhoso.

4:32 da tarde, julho 08, 2006  

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